Comunidades religiosas e a ação climática: aprendizados do nosso trabalho ao redor do mundo

novembro 16, 2022

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É difícil exagerar o sucesso do movimento climático. A maioria dos países já fez promessas de atingir a neutralidade de emissões de carbono. O cumprimento dessas promessas exige capital político. Embora o movimento climático tenha tido sucesso ao envolver um número relativamente pequeno de pessoas, porém, para que seja possível alcançar nossas ambições precisaremos envolver muito mais gente – pessoas que foram tradicionalmente deixadas de fora. 

A atuação climática mais sólida da Purpose tem sido em buscar novos públicos, geralmente não engajados ou inexplorados pelo movimento climático mais amplo. Ao longo dos últimos anos, desenvolvemos um trabalho altamente inovador com grupos religiosos para impulsionar ações climáticas locais e nacionais. Com espiritualidades profundas para a proteção ambiental como inspiração, festejadas por políticos de direita e inseridas em comunidades locais, torna-se difícil superestimar o poder político desses grupos.

Este blog tem explorado nosso trabalho junto a comunidades religiosas e como ele vem evoluindo e se aprofundando em várias localidades. Saiba mais sobre as percepções dos nossos ativistas regionais!

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Índia: Líderes religiosos – de apoiadores a agentes de mudança

A fé é profundamente pessoal – em geral um marco de identidade, parte da tradição, às vezes simbólica, ou mesmo raiz de discórdias. Na Índia, ela é tão pessoal quanto política. De acordo com uma pesquisa da Pew anterior à Covid sobre fé na Índia, a imensa maioria dos indianos (97%) diz que a religião é muito importante em suas vidas e em sua identidade.

Os indianos associam o “verdadeiramente indiano” com o respeito a todas as religiões. Respeitar outras religiões é uma parte importante do que significa ser membro de sua própria comunidade religiosa (80%). A pesquisa revela também que a tolerância religiosa se justapõe à segregação e à identidade nacional, uma vez que quase dois terços dos hindus (64%) dizem ser muito importante ser hindu para ser verdadeiramente indiano. Dessa forma, a fé se manifesta no apoio a determinados partidos políticos. Tem sido usada como ferramenta poderosa de mobilização por ativistas políticos e estrategistas. Ativistas climáticos na Índia vêm gradativamente reconhecendo, utilizando e mobilizando cada vez mais as comunidades religiosas para a ação climática, uma vez que reconhecem que tais comunidades são fundamentais para influenciar as narrativas climáticas e promover soluções para o clima de forma individual, comunitária e política. A Purpose na Índia tem sido pioneira e tem testado essa abordagem com base na fé – especialmente no norte da Índia.

Uttar Pradesh: um estado de fé

Além de ser o estado mais populoso da Índia, Uttar Pradesh (UP) é também o mais influente politicamente. O estado define a agenda política indiana simplesmente com a representação que tem no Parlamento. Dessa forma, para progredir no tema do clima de forma nacional, tomadores de decisão do estado devem embarcar primeiro.

O UP é diferente em função de sua profunda fé, que moldou e influenciou seus valores, cultura e artes, arquitetura… e a política. Não espanta que comunidades religiosas sejam um público-chave para a atuação da Purpose no UP. Esse envolvimento evoluiu com forte foco no papel de líderes religiosos no movimento climático.

Em grande parte, nossa atuação com líderes religiosos no UP ajudou muitos deles a passar da participação ao compromisso proativo nas questões climáticas. Assim como a maioria das campanhas climáticas tradicionais, o envolvimento de líderes religiosos começou vendo-os como apoiadores de atividades climáticas e amplificadores de mensagens climáticas. Em ambos os sentidos, tinham papel bastante limitado, sem explorar seu real potencial de deslocamento de poder. Isso foi crucial, contudo, para estabelecer as bases para sensibilizar líderes religiosos sobre o clima no estado, além de dar início a um diálogo. Veio então a parte desafiadora: movê-los ainda mais em direção ao compromisso e à proatividade.

A pandemia de covid e o lockdown nacional que se seguiu em toda a Índia abriram o caminho para que os líderes religiosos reconhecessem a extensão da crise climática no estado. Com céu azul e ar puro, a natureza em repouso aparecia. Foi, além disso, uma oportunidade de trabalhar junto a líderes religiosos e seus seguidores sobre o tema do clima. 

Nossa atuação reinventou o papel de líderes religiosos influenciando ativamente e criando mensagens sobre o clima para seguidores, tornando-se influenciadores (acesse nosso estudo de caso completo aqui). A campanha alcançou mais de 10 milhões de pessoas. Nossa mais recente campanha Prosperity Through the Sun testou o papel de líderes religiosos como formadores de narrativas e transformadores de percepções. Nossa visão de longo prazo é transformá-los em novos e autênticos atores climáticos que redistribuem o poder.

Polônia: Comunidades católicas agem em relação ao clima

A União Europeia tem uma clara agenda climática, com metas de redução de emissões até 2030 e neutralidade de carbono até 2050. Mas há um grupo de países que firmemente bloqueia o progresso – e a Polônia é um deles.

Sabemos que a ação é necessária agora, não dentro de 30 anos. Então é preciso engajar não apenas movimentos progressistas – mas todos – para fazer as mudanças de que precisamos. Comunidades e líderes religiosos na Polônia – especialmente os católicos – desempenham um papel importante ao unir as comunidades e garantir que ninguém seja esquecido para trás.

A Polônia é um país predominantemente católico. Apesar de uma secularização acelerada e da queda no número de pessoas que frequentam missas ativamente, o catolicismo ainda é a religião dominante, com muitas pessoas vivendo de acordo com seus valores. A Igreja tem um papel importante na vida pública e política – a maioria dos governantes na Polônia tem raízes consistentes nas tradições católicas e sua agenda política reflete as declarações da Igreja e de eleitores conservadores.

O papel da Igreja vem mudando. Vemos uma queda da confiança nas instituições. Mas muita gente ainda vive segundo os valores e ensinamentos católicos, entre os quais o apoio mútuo, o cuidado da comunidade e da família e a compaixão.

Uma vertente fundamental do pensamento católico são o cuidado e a proteção da “Criação” do meio ambiente. O papa Francisco, em sua carta encíclica Laudato Si’, exorta os católicos a tomarem medidas imediatas em relação ao clima e à justiça, como forma de proteger as futuras gerações, abrindo espaço para campanhas que aproximem os católicos do clima.

Campanhas que ecoam

A experiência polonesa nos mostrou a importância de focar as campanhas religiosas em alguns princípios-chave – citamos três como ponto de partida:

  • Enraizamento nos valores;
  • Construção de narrativas usando a linguagem correta;
  • Engajamento com os mensageiros certos.

O clima pode ser facilmente enraizado no pensamento católico, mas, na Polônia, ele não é a principal narrativa. Construir um vínculo entre o clima e os valores da vida cotidiana e das tradições católicas é uma forma poderosa de levar ao diálogo. 

A linguagem adotada faz grande diferença nas nossas campanhas. Um misto da encíclica Laudato Si’, dirigida à liderança de base ou a envolvendo, algo mais simples, com base em experiências cotidianas, no legado do papa João Paulo II e na esperança, medos e desafios de pessoas relevantes para a comunidade. 

A nossa experiência nas diversas campanhas que realizamos na Polônia mostra que pesquisas feitas frequentemente e a testagem de mensagens podem trazer insights importantes, que podem levar a táticas e a ativações poderosas desenhadas para o público com o qual desejamos engajar.

Por fim, o envolvimento do mensageiro certo nos ajuda a alcançar novos públicos e a multiplicar a narrativa. Não é novidade para a maioria dos ativistas: influencers e mensageiros são parte importante do quebra-cabeça da campanha – mas, ao trabalhar com comunidades religiosas, isso realmente faz a diferença. 

O fato de que católicos estejam engajados no diálogo sobre o clima representa um enorme valor. Há questões mais prementes e precisamos de pessoas corajosas que ajam para proteger pessoas necessitadas, pessoas afetadas pelas mudanças climáticas, mas também as mais vulneráveis. A pobreza energética e uma transição justa são tópicos nos quais realmente precisamos de mais engajamento.

Brasil: O poder de comunidades cristãs sobre o tema do clima

Quem poderia imaginar que um chamado do papa Francisco traria tamanha transformação para o nosso trabalho sobre a agenda climática no Brasil? Isso mesmo! Em 2018 ocorreu o Sínodo da Amazônia, um evento da Igreja Católica para discutir o futuro de sua atuação no território amazônico com foco na proteção ambiental e também nas populações nativas que ali vivem. 

Entrevistamos católicos no Brasil (50% da população) sobre o que pensam em relação às aspirações político-ambientais do então presidente recém-eleito Jair Bolsonaro. Os números mostraram que 68% acreditavam ser muito importante para o crescimento econômico do país proteger a Amazônia e 85% concordavam que, para reduzir os efeitos do aquecimento global, a Amazônia é fundamental.

Com esses resultados em mãos, entendemos a necessidade de dialogar com a comunidade católica a partir de algo ainda mais tangível: uma outra proposta do papa Francisco chamada Economia de Francisco.

Economia de Francisco

A Economia de Francisco nos convida a humanizar a economia do amanhã. Para nós, o objetivo é redefinir o funcionamento da economia brasileira, dando início a um diálogo com os católicos a partir de duas questões básicas:

  1. E se reinventarmos nosso mundo por meio de uma economia de solidariedade e se considerarmos a justiça climática e a produção de conhecimento das comunidades tradicionais?
  2. E se existirem outras soluções capazes de gerar emprego, renda e acabar com a fome, além de transformar nosso país em uma potência produtiva e, ao mesmo tempo, proteger o meio ambiente?

A partir dessas perguntas começamos a desenvolver nosso trabalho na Nossa Casa Comum, em parceria com organizações católicas como Movimento Católico Global pelo Clima (GCCM), Cáritas, Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), Comissão Pastoral da Terra (CPT), comunidades eclesiais de base e lideranças comunitárias. 

O trabalho estimulou conversas sobre políticas governamentais, engajou comunidades católicas ao capacitar suas organizações para criar campanhas de mobilização, pressionou o Congresso e deu, a líderes religiosos, voz na imprensa para questionar abusos ambientais do governo Bolsonaro e de seus aliados. 

Essas complexas questões foram traduzidas por nós ao vinculá-las à Economia de Francisco e seus temas que tratam, por exemplo, de transição energética, agricultura ou o papel da mulher na economia. O papel mais importante que desempenhamos, no entanto, foi trazer a espiritualidade ecológica para essa equação.

Evangélicos Pelo Clima

Os evangélicos hoje representam mais de 30% da população brasileira. Ao contrário da queda no número de católicos, os evangélicos vêm crescendo rapidamente. Eles também desempenham um papel político muito relevante: Bolsonaro, embora católico, tinha nos evangélicos sua maior base de apoio, e a “Bancada Evangélica” no Congresso tem ligações importantes com a conhecida “Bancada Rural”. 

Realizamos a primeira pesquisa nacional focada em entender a percepção dos evangélicos sobre o clima e obtivemos resultados surpreendentemente positivos: a preocupação de 67% dos evangélicos com a proteção ambiental é suficiente para influenciar seu voto.

Isso tem relevância ao considerarmos que o governo Bolsonaro provocou uma das maiores devastações ambientais já vistas no país e que, apesar disso, sua base não concorda com elas. O levantamento também revelou que cerca de 43% não são favoráveis ao fim das reservas legais para a proteção ambiental, enquanto 44% dizem que sua maior preocupação é o desmatamento. Para 48% dos respondentes, “é pecado o ser humano destruir o meio ambiente”.

Com resultados inéditos e surpreendentes, antes de divulgar para a imprensa tivemos o cuidado de apresentá-los a várias lideranças evangélicas, de diferentes igrejas e com posições políticas diversas. Eles nos disseram que as respostas eram incríveis: de fato, corroboravam o que ouviam nos cultos. A partir dessas conversas, construímos a Coalizão Evangélica pelo Clima, formada por organizações, pastores e lideranças evangélicas.

A Coalizão parte das tradições espirituais exclusivas de evangélicos ou de católicos para envolvê-los em seus próprios termos. Como no Brasil os evangélicos também são conhecidos como “crentes”, uma das decisões que tomamos foi sempre falar o “idioma” “crentês” nas comunicações da Coalizão. Dessa forma, falamos sobre o clima adotando a linguagem adequada para os públicos. Sempre usamos a semântica e imagens católicas ou evangélicas (que também são muito diferentes entre si). 

Sabemos das dificuldades de engajar o campo progressista com versículos bíblicos e menções a Deus. Ao mesmo tempo, porém, essa estratégia nos permitiu garantir proximidade com o público cristão, construir legitimidade para engajar diversos setores da igreja em ações de mobilização e, por meio dela, também estamos criando uma oportunidade extremamente poderosa para dar mais voz e espaço a lideranças cristãs para falar sobre a importância de proteger terras indígenas, opor-se a legislações predatórias, criar ações contra empresas que destroem cidades inteiras com crimes ambientais. 

Talvez o mais rico aprendizado tenha sido deixar de olhar para os cristãos apenas como um público a ser segmentado, mas encarar a sua diversidade, respeitar seus rituais e espiritualidade e, a partir disso, criar um ambiente de genuíno engajamento que leve essas comunidades a querer envolver-se com as nossas propostas na luta por um mundo mais justo e habitável para todos.

A atuação hoje é independente da Purpose, como Casa Galilea. 

Indonésia: Rumo a um Movimento Climático Indonésio Islâmico

Se há uma oportunidade que o governo indonésio vem negligenciando por décadas para alcançar nosso compromisso climático, é seu enorme potencial como a maior população islâmica do mundo. Os muçulmanos na Indonésia têm a oportunidade de desempenhar um papel crítico na luta global contra a crise climática.

Diferente de outros países, onde o conservadorismo religioso se distancia frequentemente das questões climáticas ou até mesmo se identifica de forma estreita com o negacionismo climático, não há na Indonésia tal conexão entre conservadorismo e o movimento anti-clima. Essa conexão, ao menos, ainda não é óbvia – e podemos evitar que ela ocorra no futuro.

O islamismo tem raízes profundas na sociedade indonésia. O país tem cerca de 225 milhões de muçulmanos – 87% de sua população. Antigos reinos proeminentes no arquipélago mantiveram valores islâmicos, causando uma assimilação cultural e dando origem a segmentos únicos como o abangan, um braço que pratica o dinamismo e o animismo tradicionais do arquipélago alinhados aos valores islâmicos. Grupos islâmicos também foram uma força motriz na luta pela independência e quase deram início a um governo islâmico, mas recuaram para dar mais espaço aos grupos nacionalistas.

Percepções islâmicas sobre o clima

Nossa pesquisa apontou que 92% dos indonésios acreditam que eles devem ser bons guardiões da criação de Deus. Isso significa que os indonésios acreditam que, ao cuidar do meio ambiente, fazem o bem, alinhados aos valores islâmicos.

Ainda segundo esta pesquisa, 89% dos entrevistados acreditam que a religião e a fé desempenham um papel importante em suas vidas. Entre os muçulmanos, 76% e 86% acreditam que o Corão e a hadith (comunicação oral), respectivamente, têm papel importante na definição de sua abordagem à proteção ambiental. 

Três quartos (75%) dos indonésios também acreditam que desastres são castigos de Deus. Com essa crença, as pessoas acreditam que Deus também desempenha um papel na crise climática: sem a bênção divina, a crise climática e os desastres resultantes não aconteceriam. 

Assim, 61% dos entrevistados acreditam que os humanos são parcialmente responsáveis pela crise climática, ao lado de outras variáveis, incluindo Deus. Entretanto, nem sempre isso está de acordo com os valores islâmicos. Conforme mencionado pela sura (capítulo do Corão) Ar-Ra’d, versículo 11, “(…) Allah não mudará a condição de um povo até que eles mudem o que há em si mesmos (…)”.

Curiosamente, ao verem uma lista de mensageiros, os indonésios confiam mais em líderes religiosos como mensageiros da mudança climática do que no atual presidente Joko Widodo ou em outras figuras governamentais e políticas famosas, bem como na ONU, em ONGs, em cientistas e na mídia. 

De forma geral, muçulmanos em áreas rurais têm alto grau de confiança e de obediência em relação aos líderes religiosos. Historicamente, os indonésios são “fechados” e têm boas relações com seus líderes religiosos. Há potencial para conscientização adicional sobre a crise climática por meio de entidades de educação islâmica, como escolas e internatos islâmicos. O desafio é como fazer os líderes islâmicos tratarem das questões críticas como soluções para a crise climática de forma precisa e impactante.

Desenvolvendo um movimento climático islâmico escalável

Com as crenças religiosas sobre o dever de ser um bom guardião da terra, não deveria surpreender que movimentos ambientais e climáticos tenham se desenvolvido em organizações e movimentos islâmicos em todo o arquipélago. Como exemplos, a organização islâmica Nahdlatul Ulama (NU) tem sua Agência de Gestão de Desastres e Mudanças Climáticas (LPBI, na sigla em indonésio); e a Muhammadiyah, importante organização islâmica não-governamental no país, a Assembléia Ambiental.

Internatos islâmicos sustentáveis e ecológicos vêm surgindo em todo o país, especialmente em Java, a ilha mais desenvolvida da Indonésia. Algumas mesquitas também vêm fazendo uso de eficiência energética e gestão de resíduos. Nasarrudin Umar, Grande Imã de Istiqlal, maior mesquita e símbolo da comunidade islâmica no país, tem se inclinado a abordagens mais sustentáveis. Ele tem insistido em uma melhor gestão de resíduos, eficiência energética e instalação de painéis solares na cobertura da mesquita.

Essas iniciativas, entretanto, são relativamente pequenas, dispersas, desconectadas e, muitas vezes, não conhecidas e não divulgadas. Há uma crença de que muçulmanos não devem alardear suas boas ações. Essa crença dificulta um pouco a divulgação e a promoção de movimentos islâmicos ambientais e climáticos generosos. 

Movimentos ou abordagens ao clima no Islã são negligenciados com frequência. À medida que percorremos e desenvolvemos o movimento climático islâmico no país, enfrentamos muito ceticismo por parte de cientistas, ambientalistas ou de organizações doadoras em relação às abordagens no Islã das intervenções climáticas. A maioria se refere à fátua (decreto islâmico) MUI sobre a queima de florestas, argumentando não ter sido eficaz. 

Se abordagens atuais são percebidas como menos eficazes, talvez seja o momento de diversificar e de dar força às abordagens e ao tamanho das iniciativas. Por exemplo, devemos iniciar um diálogo com grupos demográficos menos engajados, aqueles que muitas vezes sentem seus valores mais profundos ameaçados pela ciência – geralmente os mais conservadores – e ao mesmo tempo evitando o confronto entre ciência e religião e a guerra de versos religiosos.

Em vez disso, podemos abordar e nos concentrar naquilo que de forma mais profunda nos preocupa: o bem-estar de nossa comunidade durante as piores enchentes de Jacarta, um desastre induzido pelo clima, a qualidade do ar em meio ao qual nossos filhos crescerão ou o tipo de política e de líderes (sensíveis ao clima) que precisamos vislumbrar para a vida da futura geração. 

A conversa sobre como ser um bom califa, um bom guardião da terra que será compartilhada com a futura geração também abre opções ilimitadas de denominadores comuns. O PCL Indonésia está agora dando início a essas narrativas e conversas, envolvendo o Grande Imã de Istiqlal para tratar disso em público por meio de artigos de opinião e em suas redes sociais. Isso é importante porque, sem uma narrativa aceita na linguagem dos muçulmanos, os diversos valores em torno dos segmentos do Islã serão um desafio para colaborações entre grupos islâmicos.

Diante disso e considerando todas as abordagens, o ponto mais crucial para o sucesso é deixar a ummá (comunidade) liderar seu movimento climático. Isso deve surgir de dentro das comunidades islâmicas, embora possa ser apoiado por outras organizações, e com foco em colocar a comunidade islâmica como tomadora de decisões da agenda.

Este texto é um esforço coletivo de ativistas climáticos ao redor do mundo. Saiba mais sobre a atuação climática da Purpose aqui.


Vincy Abraham Associate Campaign Director
Rika Novayanti Strategic Comms Director
Anna Siewiorek Campaign Manager
Daniel Hale Senior Campaign Director
Natalia Węgrzyn
Bruna Galvao
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